terça-feira, 29 de abril de 2008

POLÍTICA OU POLITICAGEM?

A partir do momento que o homem deixou de ser o “bom selvagem”, concebido por Rousseau, novas regras foram impostas aos grupos sociais, para que estes pudessem caminhar harmoniosamente.
A manutenção da ordem, vinculada a uma liderança, fez-se necessária e liderar um grupo, passou a ser uma atividade privilegiada e vantajosa, na medida em que, o poder hereditário poderia permanecer concentrado nas mãos das mesmas famílias durante anos a fio, garantindo assim a realização de interesses próprios e esquecendo-se, assim, das prioridades do próprio povo.
Com o avançar do tempo e com o amadurecimento dos complexos sociais, modificou-se por completo a visão dos homens sobre a política que, aos poucos, é reconhecida como Ciência.
Sócrates, o filósofo grego, antes de Cristo, já buscava a reestruturação moral de seus concidadãos contaminados pela demagogia do poder político do seu tempo.
Deslocando-se dos problemas cosmológicos, para os problemas humanos, defendeu a ética, o saber e a virtude, cortando assim, as amarras da ignorância e das falsas crenças impostas pelo poder da Antigüidade.
Séculos mais tarde, o polêmico filósofo político, Nicolau Maquiavel, promove uma reviravolta na perspectiva da filosofia política grega, em seu clássico “O Príncipe”. Enquanto os gregos tinham a preocupação de elaborar o melhor regime político possível, Maquiavel em sua tese, partiu, não das condições nas quais se vive, mas das condições nas quais se deve viver. Sendo assim, desmascarou as pretensões da religião e da teologia em matéria política e as substituiu pelo conhecimento verdadeiro das relações que a regem com a moral. Maquiavel procurou promover uma “nova ordem”, ou seja, uma “ordem política moral” livre e laica, porém subordinada à razão de Estado, governado por mãos hábeis, transformando assim, o homem mau em homem bom...
E assim, uma sucessão de pensadores ao longo da História teceram em suas obras discursos que, mais do que teorizar a Ciência em pauta, valorizaram a sua prática no dia-a-dia das sociedades, geralmente, corrompidas.
Ao contrário do que se vê hoje, o distanciamento entre teoria e prática, deixa-nos indignados e impotentes. Diante de nós, ergue-se um cenário que podemos chamar de Nova Babilônia.
Entre cartões corporativos, fraudes, desvios de verbas destinadas à pesquisa, inoperância dos sistemas de saúde e educação, ineficiência das políticas públicas sociais e a cultura da impunidade brasileira, construímos nossa História.
O paternalismo governamental é a maquiagem que disfarça as rugas de um sistema arcaico e vazio, além da falta de vontade política para a resolução de muitos problemas. Na verdade, é o “pão e circo para o povo”, que desvia nossa atenção e facilita a manipulação do poder sobre nós. O caso Isabella, que atualmente vem sendo veiculado, por todos os meios de comunicação, todos os lances dos campeonatos disputados no Brasil, são exemplos de estratégias para “passar um pano” nas artimanhas do governo.
Infelizmente, trazemos ainda dentro de nós os resquícios do ser e viver como colônia e, assim, andamos de cabeça baixa, sem saber quais são os nossos direitos e, pior, sem saber como questioná-los ou lutar por eles.
Ah! Sócrates! Ah! Maquiavel! Onde estão vocês?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

SOLIDARIEDADE

“Esse problema não é meu!”
É muito comum ouvirmos a célebre frase acima, quando tratamos de questões sociais.
Lamentável, eu diria, sabermos que no século XXI o homem ainda não se deu conta de sua responsabilidade sócio-política sobre as necessidades do mundo e dos seus semelhantes.
Para muitos, a culpa é do governo que não honra os compromissos assumidos perante os seus eleitores; para outros, a culpa é da própria sociedade que permite a presença de moradores nas ruas, ou seja, aquelas pessoas horrorosas, que cheiram mal, enfeiam a cidade, roubam e ainda por cima, usam drogas.
Por outro lado, há aqueles que buscam compreender a realidade e a dinâmica das esferas empobrecidas, com o intuito de, pelo menos, minorar a dor e o sofrimento desses grupos excluídos pelas injustiças sociais.
São os cidadãos voluntários: pessoas que dedicam, no mínimo, uma hora de sua semana a um trabalho solidário.
A falta de políticas públicas resulta na degradação, na perda da dignidade e na violação dos direitos do homem.
Esperar pela oportunidade ou pela burocracia que rege nosso sistema, é o mesmo que fingir a inexistência de tais problemas.
Se, de fato, somos engajados e comprometidos conosco mesmo, efetivamente, somos comprometidos com a sociedade.
Não dá para dizer que “esse problema não é meu”. Não dá para transferir para o outro a responsabilidade que é nossa.
A prática da solidariedade é o mínimo que se espera nesse momento de transição, nesse momento de transformação do mundo e do homem para um mundo de regeneração, justiça e paz!